" No final, é importante lembrar que não podemos nos tornar o que devemos ser se continuarmos sendo o que somos."
Max de Pree































sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Responsabilidade


Cansei de me flagrar em circunstâncias em que eu jurava que havia ocorrido uma falha do cenógrafo na montagem do ambiente: tudo o mais poderia estar no lugar correto, mas eu não era para estar ali. Aí era um tal de listar os supostos culpados, lamentar a má sorte, um blablablá triste toda vida, sob o fundo musical de “Ó, Deus, como sou infeliz”. Muitas cenas depois, porque só o tempo é capaz de nos dar olhos que vêem um pouco além das aparências, comecei a encaixar as peças daquelas tais circunstâncias e a perceber que sempre estive exatamente onde eu me colocava. Nem um centímetro a mais nem a menos. Eram os meus sentimentos, minhas dores pendentes de cura, minhas crenças equivocadas sobre mim, que me atraíam para aqueles cenários. Peças encaixadas, descobri, no fim das contas, que a roteirista o tempo todo era eu. Se a história não me agrada, preciso aprender a reescrevê-la até que se torne parecida com a idéia que passa pelo meu coração. O roteiro só muda quando eu assumo a minha responsabilidade por ele e me trabalho para ser capaz de mudá-lo. Não adianta culpar o cenógrafo.
Ana Jácomo